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"...Das aventuras amorosas, a sua memória só registrava o estreito e íngreme caminho da conquista sexual: a primeira agressão verbal, a primeira carícia, a primeira obscenidade que lhe dissera, e ela a ele, todas as pequenas perversões que, aos poucos, a fizera aceitar, e as que ela recusara. Todo o resto (com um cuidado quase pedante) eliminara da memória. Esquecia-se até do lugar onde encontrara esta ou aquela mulher pela primeira vez, já que isso precedia a conquista sexual propriamente dita.
A jovem falava de tempestade com o rosto banhado por um sorriso sonhador, e ele a olhava estupefato, quase envergonhado: ela vivera uma coisa bela e ele não a vivera com ela. A reação dicotômica da memória dos dois diante da tempestade exprimia toda a diferença que pode haver entre o amor e o não amor. "
Milan Kundera (A Insustentável Leveza do Ser)
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