sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A difícil arte de conviver



"Viver entre as pessoas é um grande desafio" Natascha Kampusch.

Seria uma frase corriqueira se fosse dita por qualquer pessoa. Dita por essa moça, a frase revela uma outra dimensão. E nos obriga a refletir sobre o comprometimento que temos, ao nos relecionarmos em qualquer nível, com alguém. Não somos produtos acabados e nem somos modelos. Portanto, devemos ter a percepção de que a outra pessoa não é a continuidade de nós mesmos. Ela tem seus próprios valores, desejos, expectativas, medos e sonhos. Deve ser respeitada na sua individualidade.

Viver entre pessoas é um grande desafio porque viver significa "administrar" a luta diária entre Eros e Thanatos, ou entre os nossos instintos amorosos e agressivos. A presença do Outro em nosso "território" sempre mobiliza uma das forças pulsionais. Ou ambas.

Natascha relata que após fugir do cativeiro, pediu socorro na casa de uma senhora, que não só não lhe prestou ajuda como pediu que ela se afastasse de sua cerca viva para não danifica-la. A agressividade da abordagem num momento crucial na vida desta moça acrescentou elementos negativos ao seu baú de esquemas. Mas também ao da inflexível senhora do jardim. A questão a ser respondida: Qual das duas personalidades está mais comprometida com Eros?

A flexibilidade de conduta ou conduta Resiliente (como se diz no jargão dos RH - Recursos Humanos) ou uma forma amalgamada de viver; é sinalizadora de  saúde mental. Todos devemos estar destravados diante dos acontecimentos da existência. Principalmente para exercitarmos o nosso auto-conhecimento.E aumentar nossa auto estima. Em contato com os outros e em situações diversificadas, é que podemos avaliar o nosso arsenal psicológico. E a resiliência nos protege do desgaste psíquico envolvido nas mudanças que ocorrem na vida.

Existem pessoas que se relacionam na modalidade "leito de Procusto", sempre. Se desejam algo, este algo tem necessariamente que se amoldar aos desejos dela. Não existe troca, não existe a curiosidade embutida na experiência. Na verdade, estas pessoas nunca experimentam algo realmente NOVO, apenas trocam cores e formas dos objetos. Se sentem seguras assim. Foram impedidas, muito cedo na vida, de experimentar as coisas a seu bel prazer, de saber que o desconhecido pode ter seus perigos mas pode ser instigante e divertido.

A "senhora do jardim" perdeu a oportunidade de ajudar um ser humano LINDO, com uma força de Ego enorme. Com uma capacidade imensa de superação. Com uma conduta de vida resiliente que certamente a levará ao seu objetivo.

Natascha, em seu ensaio no viver, exemplifica com fortes nuances coloridas o que eu escrevi nos textos anteriores: "Aprendi que tudo o que posso fazer é seguir em frente, apesar das críticas porque atrás de mim o caminho vai desaparecendo. É mais ou menos como se eu estivesse atravessando um rio cheio de crocodilos e precisasse sempre achar a próxima pedra segura para saltar".

A bela moça, enlaçada a Eros, busca se adaptar à vida. A senhora do jardim, auxiliada por Thanatos, tentar deitar todos que se aproximam dela, no seu leito de Procusto. Assim é a existência humana...

Cada um com o seu estilo de relacionamento e de vida!

A Natascha diz que "Viver entre as pessoas é o grande desafio"

J.P. Sartre diz que "O inferno são os outros"

É.....Homo Sapiens!!!!!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"O acaso vai me proteger..."



Um dia, eu estava assistindo em um canal de tv, um documentário que me deixou rapidamente em estado de extrema ansiedade. O cenário era um lago, LOTADO de crocodilos imensos! Pareciam toras de madeiras, agrupadas lado a lado. E em terra firme, um filhote de tatu, que segundo o reporter (falando naquela calma que os documentários exibem), havia perdido a mãe recentemente (havia sido uma refeição dos monstros do lago). O filhote estava faminto e andava pela areia a procura da mãe. A fome "apertava" e ele decidiu se aventurar a procura de alimento. Era o instinto de vida falando mais alto!

Alheio ao perigo que o circundava, aproximou-se perigosamente de um IMENSO predador que dormia ao sol. Ele acordou com o cheiro do tatuzinho. Mas o bichinho, muito rápido, já havia se afastado e começava a cavar debaixo do tronco de uma árvore. O imenso animal, com a descomunal bôca, já aberta, vinha vagarosamente pela areia em busca da presa "fácil". O tatuzinho, de costas para o crocodilo, cavava numa rapidez impressionante.

Por estas alturas da reportagem eu não conseguia mais olhar diretamente. Meu cérebro, num enfoque lógico, me oferecia o desfecho...Minha filha, gritava ao meu lado, torcendo para o bichinho escapar do descomunal predador. E ele cavando...o crocodilo se aproximando e ficando...com a bôca cheia de areia!!! até que ficou impossibiltado para o ataque e voltou para dentro da água!!!

Gritamos aliviadas! parecia que haviam feito um gol do Brasil em época de copa do mundo. Mas... O tatuzinho ainda não havia encontrado a comida que precisava! e para nosso desespero, resolve se direcionar para "as toras de madeira" do lago!

Meu coração já estava com batimentos aceleradíssimos. o NÃO!!!! saiu de nossas gargantas como se com os gritos, pudéssemos modificar aquela ação do baby tatu. E o bichinho foi passando pelo dorço de vários monstros que se mexiam, afundavam... até que dois resolveram caçar o baby.

Aquela cena de filme de ação! nós desesperadas. O baby seguindo em frente (como o scrat da era do gelo!!) e os monstros a poucos metros de distância! Tudo indicando um suculento almoço para um dos predadores! Mas... como tudo tem sua hora H... com menos de um metro de distância... O acaso...Ou será DEUS?? resolve interferir e nos dá uma lição para nunca desistirmos e ter esperança SEMPRE!

O Baby tatu, alheio ao que poderia acontecer, sobe num tronco largo e sai do alcance dos crocodilos, se embrenhando na mata. Desde então, diante do pior obstáculo que pode surgir na minha vida, lembro do bichinho e sei que se não for o meu dia D; parafraseando a música dos Titãs..."o acaso vai me proteger, quando eu andar distraída"...
ESPERANÇA... SEMPRE !!!!!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Perseverança




O Scrat é a minha representação de perseverança. Interessante é que quando chegamos a um momento da vida, em que nos conhecemos um pouco, nos “reconhecemos” em qualquer lugar. Ao ver o filme A ERA DO GELO, de todos os personagens desta série de desenho, o Scrat, de cara me seduziu. Eu estava me olhando no espelho! E naquele momento, lá no cinema, nem me dei conta.


Ao chegar em casa e ficar refletindo sobre o filme e personagens é que a “ ficha” caiu!


Quando desejo realmente algo, não me importo com o que acontece ao redor, penso no alvo a atingir. Então eu me lanço na aventura... E isso incluiu o cair, o levantar, o subir, o descer, o sofrer, o chorar, o secar as lagrimas, levantar novamente, cuidar das feridas que por ventura aparecerem, andar, correr, cair etc.etc.etc. Não fico bem comigo mesma se não tentar. Para mim, tentativa + erro = acerto!


Vale ressaltar, que a meta a ser atingida, NÃO se baseia na impulsividade, pura e simples. Outra característica predominante na minha personalidade é a racionalidade. Portanto, a meta a ser alcançada passa necessariamente pelo crivo do lado racional.


Também... Realizar meus desejos, não se traduz em passar por cima de valores éticos e morais vigentes na sociedade em que vivo. É antes de tudo um compromisso com minha auto- estima. E nem sempre isso foi assim. A partir do momento em que me comprometi comigo mesma, assumi a maioridade, no sentido kantiano do termo, é que me libertei das amarras de pré-conceitos impingidos pela sociedade, família e pela tradição (que precisa ser sempre cuidadosamente avaliada!). Os paradigmas mudam continuamente.


Ao assumirmos a responsabilidade por nossas escolhas e ações, detemos a chave do portal da aventura de nossa existência. Deixamos de delegar a outrem as decisões a tomar e arcamos com as consequências de nossos atos. Para mim isso se traduz em liberdade.


Minhas escolhas, muitas vezes não se traduzem em sucesso, aos olhos de quem está de fora. Porque o conceito de sucesso não é uma constante, que se adéque à expectativa de todo mundo. Para mim, parafraseando Ghandi “A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”.


É na luta que superamos nossos limites e nos conhecemos melhor. É na forma que nos conduzimos perante os obstáculos que vamos aumentar nosso auto-respeito ou não. Portanto, para mim, o sucesso é alcançado a cada passo conseguido na direção que optamos por tomar. Sucesso é a perseverança envolvida na ação.


Quando se alcança um objetivo, se chegou a vitoria pessoal. É o momento então, de ser lançado outro desafio. Para mim, viver é isso.