sábado, 31 de dezembro de 2011

Ponderando


Foto de Jimmy Hardison  in  http://500px.com/photo/1737298

Final de mais 360 dias. Entre o "museu de grandes novidades" lido nos meios de comunicação, ergo um brinde à minha existência.Termino este ano com um auto respeito acrescentado.Transitei por várias emoções e permaneço inteira na minha forma de viajar pela vida. Agradeço primeiro a DEUS e depois aos vários amigos que direta ou indiretamente me auxiliaram nesta jornada.

Foto de Tom Holmes in http://500px.com/photo/697973

Alguns foram verdadeiros portos seguros onde pude deitar âncora e me acolheram com calor quando eu regressei de tempestades.Compartilharam comigo pedacinhos de suas vidas, de forma tão significativa.

Foto de Irawan Subingar  in 500px.com

E me davam sempre esperança num outro dia. As verdades relativas enfeitaram o meu pensamento supervisionadas pela crença em uma única verdade absoluta. Cobranças exteriores de mudanças quando o interior estava em permanente transformação.

Foto de Eleonora Dantas
Mas, vejo a estrada que desejo, assim, de águas plácidas, embora sem mostrar o seu interior, para aumentar o mistério essencial do que é viver. A natureza sempre perto para nos desafiar a amá-la. Um cantinho onde eu possa me refugiar com minha própria essência.
Que venham novos dias!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Foto de Adriana Dantas

Eu sempre fui muito curiosa, questionadora e gosto de respostas que me convençam.Quando pequena, nos primeiros anos ficava aguardando o final do Ano. Diziam que tudo mudava.Que um velhinho ia embora num carro, pelo céu e vinha um bebê, uma nova vida. Eu ficava atenta ao movimento celeste, todas as noite. Talvez porque eu não tinha um telescópio...Eu nunca vi nada do que os adultos diziam. Nada!
Nada estava diferente no dia 1 de janeiro de cada ano que mudava.
Abandonei esses personagens e comecei a PENSAR. A buscar respostas por minha própria conta. Encontrei algumas e outras continuo procurando.
Agora, para mim a vida é assim como esta fotografia.Uma ponte; onde transitamos para realizar travessias, podemos fazer o trajeto, muitas vezes sós temporariamente.Algumas pessoas podem aparecer e circular por esta ponte no mesmo momento em que estamos circulando. Poderemos atravessá-la de mãos dadas e no outro lado "To say good bye". Tudo um enigma!
Como? Quando? Por que?
Mas esse momento em que tudo parece se afunilar, quando a paisagem que existe ainda não pode ser vista em sua totalidade...Apenas ligeiramente vislumbrada...Para mim é o momento mais belo!
Sem um limite físico na imaginação. Sem uma data pré- definida (principalmente pelo comércio!) para que as "coisas mudem". O caminho ali está...Para ser caminhado, explorado, sem fissura...Degustado!
Olhando em volta, apreendendo e consequentemente aprendendo! deixando marcas e olhando atenta, as pisadas pré- existentes na areia.
Que venha mais um ano, mês ou dia na minha vida!
Que eu não perca a capacidade de Amar, Sonhar e Sorrir no meu cotidiano. Que Kronos me dê sua mão na travessia e me empreste duas moedas de ouro para eu dar ao barqueiro, se eu precisar atravessar o mar...
Feliz 2012 ! ! ! a todos que estão atravessando pela ponte!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Diário de um sedutor

Soren Kierkegaard.
" A minha arte reside em utilizar anfibologias para que me compreendam num sentido e se apercebam subitamente de que as minhas palavras podem ser entendidas também de outro modo.Quando se pretende ter uma boa ocasião para observações especiais, é sempre necessário fazer um discurso."

" Quantas coisa ela tem a dizer e como os seus olhos me mostram facilmente os progressos que tem feito; uma única vez descortinei neles um clarão de raiva impotente. É necessário que ela me não seja devedora de nada; pois ela deve sentir-se livre, o amor apenas se encontra na liberdade, apenas nela pode existir a recreação e o divertimento eternos.Porque embora a minha intenção seja fazê-la cair em meus braços pela força das circunstâncias, por assim dizer, e me esforce por fazê-la gravitar na minha direção, é contudo também necessário que ela não tombe pesadamente, mas como um espírito que gravita para outro espírito. Embora ela deva pertencer-me, tal não deverá poder identificar-se com a fealdade de um fardo pesando sobre mim. Ela nunca deverá constituir para mim uma prisão física, nem uma obrigação moral. Entre nós dois apenas deve reinar o efeito próprio da liberdade. Ela deve ser suficientemente leve para que eu a possa erguer com o braço estendido".

"Assim, pode-se estar apaixonado de muitas ao mesmo tempo; porque as amamos de diferentes maneiras. Amar apenas uma é demasiado pouco; amar todas é uma leviandade de caráter superficial; porém, conhecer-se a si próprio e amar um número tão grande quanto possível, encerrar na sua alma todas as energias do amor de modo que cada uma receba o alimento que lhe é próprio, ao mesmo tempo que a consciência engloba o todo - eis o que á a vida".

Amor e não Amor

Foto de 'ccline'budi in 500px.com

"...Das aventuras amorosas, a sua memória só registrava o estreito e íngreme caminho da conquista sexual: a primeira agressão verbal, a primeira carícia, a primeira obscenidade que lhe dissera, e ela a ele, todas as pequenas perversões que, aos poucos, a fizera aceitar, e as que ela recusara. Todo o resto (com um cuidado quase pedante) eliminara da memória. Esquecia-se até do lugar onde encontrara esta ou aquela mulher pela primeira vez, já que isso precedia a conquista sexual propriamente dita.
A jovem falava de tempestade com o rosto banhado por um sorriso sonhador, e ele a olhava estupefato, quase envergonhado: ela vivera uma coisa bela e ele não a vivera com ela. A reação dicotômica da memória dos dois diante da tempestade exprimia toda a diferença que pode haver entre o amor e o não amor. "

Milan Kundera  (A Insustentável Leveza do Ser)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Paradoxo


Foto de Sou Olga  in  http://500px.com/photo/3283551

Certas profissões, como a de médico, enfermeiro e psicólogo, exigem que o profissional aja como sua formação requer e também, que se "distancie" emocionalmente do caso clínico, nos momentos em que a atuação se faz necessário. Dito assim, pode parecer que o profissional, ou tenha um on/off no cérebro ou que não esteja "nem aí" para seu paciente. Nem uma coisa, nem outra.
Para que esse distanciamento aconteça se faz necessário que o profissional seja portador, além da competência profissional,de uma imensa sensibilidade para lidar com a dor dos outros e com a ideia da morte.De outra forma, seria apenas um robot "humano",ou se enquadrando na psicopatologia.Quando entramos em contato com o sofrimento e morte do outro, estamos entrando no terreno de nossas próprias dores e com a ideia de nossa própria finitude.Em psicologia, isso se chama empatia.
No processo empático é gasta uma considerável quantidade de energia psíquica. Há de acontecer uma aproximação para se poder distanciar e...Trabalhar!A dor ou angústia do outro tem que ser validada em nosso sentir e o vínculo afetivo se instala.
Que paradoxo!
Quando tudo sai a contento, o nosso lado humano, nos deixa transbordando de alegria! Conseguimos! e essa ideia de vitória nos reanima, sempre.Quando o humano em nós se defronta com a impotência, com a impossibilidade de fazer algo além de tudo o que já foi feito, resta a constatação de nossa imensa fragilidade.Neste momento, estamos somente em contato com a nossa consciência de ter feito tudo o que era necessário fazer. Aceitar que existe uma força maior no universo que nos conduz, sempre.
E outra vez o paradoxo: Da fragilidade do momento se tem que encontrar força para continuar, de forma empática, auxiliando quem mais precisar de nossos serviços! sabendo que somos instrumentos nesta viagem da vida.