domingo, 18 de setembro de 2011

Os mistérios do anoitecer

Foto de Steve Shuey  in http://500px.com/photo/1848973

Hoje, está me faltando o telhado da casa onde morei na adolescência. Sim, porque igual a toda adolescente, eu me "cansava" de estar com toda a família em torno.Então, arrumei um refúgio que não permitia acesso fácil. Descobri o telhado de minha casa.Era um malabarismo enorme para poder ficar sozinha durante horas. Coisa que os "pixadores de muros,"  gostam de fazer e tiram de letra.
Minha avó, no começo da aventura, enquanto eu escalava a grade da janela para alcançar o beiral do telhado, fazia preleções sobre o que uma mocinha, devia ou não fazer.Ela era adepta de bordado e crochê.Eu da escalada e solidão.Com a continuidade, ela desistiu de me aconselhar...
Então, sozinha lá em cima, eu estendia uma toalha e me deitava, sentindo a brisa do anoitecer ir chegando aos pouquinhos, se despedindo do sol, que se recolhia.
Me encantava os vários matizes que enfeitavam o céu.Os sons que chegavam aos meus ouvidos, vindos de várias partes do entorno onde me encontrava.Algumas vozes eram conhecidas, outras não.Em alguns instantes, as asas dos pássaros que se movimentavam para procurar abrigo para passar a noite, em confronto com os últimos raios do astro rei, tornavam-se douradas! era como se partículas de ouro se tivessem desprendido de algum lugar e viessem homenagear o fim do dia.
A noite, então se fazia presente... Sempre delicada, faceira, se adornando toda de pequenos pontos luminosos. As estrelas... Eu contava, de início, e aos poucos fui aprendendo onde cada uma "morava ". E ELA, a lua, quando cheia, chamava a atenção de todos para si.
Inspirava momentos de saudade, de ausências presentes, machucando. Ou então de inspiração para poemas que eu gostava de fazer... E que o tempo já levou.
Lá em cima,sorri, chorei,tomei decisões que me pareciam importantes e era feliz...

Fiz um curso de bordado, obrigada.
Não gostava de fazer crochê, mas achava e acho bonito.
Coisas que uma menina prendada deveria fazer.
Coisas das quais não sinto falta ou lamento não ter aprendido!
Mas sinto falta, de vez enquanto, do meu telhado...
E de ver a lua cheia, bela e envolvente.
Hoje, mal tenho tempo de vê-la, enquanto o semáforo não dá o sinal verde...

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